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569,17 m²
Área construída:
5.876,37 m²
Equipe técnica
Arquitetura:
Adolfo Sakaguti, Celso Yabiku e Mônica Raeder; Cristiane Sakaguti (acompanhamento de obra)
Construtora:
EBR – Eugênio Reichmann
Interiores:
Karla Hartmann e Adolfo Sakaguti
Conforto ambiental:
Flowtec
Fachadas:
Box Estrela (consultoria e montagem); Metalúrgica Bunese (perfis de inox)
Elétrica e hidráulica:
Jaguarê
Estrutura metálica:
Building – Mauro Modesto (projeto); Refere (marquise); Artefatos Tempo Viver (escada principal)
Fotos:
Gilberto Abdalla Rassi

TUBOS QUE DEFINEM A FACHADA

Dedicado ao atendimento ambulatorial e a procedimentos médicos rápidos, o Union Day-Hospital, no bairro do Batel, em Curitiba, ocupa edifício com fachada definida por um volume levemente curvo , de vidro, e outro plano, revestido com granito, entremeados por uma marquise metálica.

O empreendedor da obra, o Centro de Microcirurgia Ocular de Curitiba (Cemoc), desejava uma edificação que expressasse modernidade e conceitos relacionados às atividades científicas. Inicialmente, ela abrigaria uma clínica de oftalmologia, mas durante o desenvolvimento do projeto a proposta foi ampliada para a criação de um hospital nessa área, destinado ao atendimento ambulatorial e a procedimentos médicos rápidos.

Como o terreno escolhido tinha grande testada, foi possível destacar a fachada frontal, que se transformou no ponto de identificação do Union Day-Hospital. O programa foi atendido com a criação de uma planta flexível , a que se soma o diferencial de interiores com piso decorado de granito vermelho, branco e preto, formando desenhos que demarcam os ambientes. O edifício tem estrutura de concreto com amplos vãos modulares, sem vigas, para aumentar a flexibilidade de usos e a facilidade do trânsito das instalações, através dos shafts que percorrem os pilares em forma de U.

Estrutura metálica 

Com 19,50 metros de largura por 12 metros de altura, a fachada tem um plano em curva suave, revestido por vidros no sistema structural glazing , com a estrutura de alumínio ancorada em perfis de aço carbono. As linhas horizontais são acentuadas por tubos de aço inoxidável escovado de duas polegadas. Eles são fixados por hastes de meia polegada, do mesmo material, no perfil de alumínio da caixilharia. Para contrastar com o vidro, um segundo elemento da face principal, mais sóbrio, é uma empena cega, revestida com placas de granito marrom-Bahia, fixadas com inserts metálicos de aço inoxidável.

O desenvolvimento do projeto considerou a incidência de luz solar e as proporções das áreas envidraçadas, para obtenção de conforto térmico e otimização do sistema de ar condicionado. O pano de vidro volta-se para o sul, enquanto as faces norte, leste e oeste, mais ensolaradas, têm desenho com vãos menores para os caixilhos. Os apartamentos e os consultórios receberam persianas motorizadas com palhetas de alumínio.
Os caixilhos têm vidros laminados refletivos verdes, de oito milímetros, colados em perfis de alumínio da linha Cittá Due, com pintura eletrostática na cor marrom. Para a colagem foi utilizado silicone bicomponente. Wilson Benvenutti, diretor da empresa Box Estrela, que fabricou e instalou as esquadrias, explica que para vencer o pé-direito duplo da face principal, com modulação de 1.606 x 1.504 milímetros, foi instalada estrutura de aço que tem a função de fazer o travamento da fachada, dando maior estabilidade. Os caixilhos foram colocados com presilhas nas colunas de alumínio, fixadas na viga metálica pelo sistema telescópico, com tratamento para não haver eletrólise entre esta e o alumínio.

Um pórtico revestido com granito define a entrada principal e sustenta a marquise curva de vidro laminado refletivo. Em balanço de quatro metros, ela foi fabricada com perfis tubulares de aço ASTM A570. Duas vigas principais, de 25 centímetros de diâmetro, chumbadas no pórtico de concreto, ancoram a estrutura da marquise. Para a instalação dos vidros utilizou-se estrutura secundária de aço, composta por perfis-tubos calandrados. Os vidros foram colados com silicone estrutural em perfis de alumínio.

Escada 
O acesso ao edifício conduz ao hall, no térreo, onde o pé-direito triplo permite avistar os mezaninos dos pisos superiores. Ali ganha destaque uma escada escultural com degraus em balanço, tendo entre eles pequenos furos, com microluminárias em tons âmbar e azul, que à noite decoram o ambiente e servem de balizadores. “O projeto previa uma pequena escada de um lance, com 1,50 metro de largura. Com as mudanças de utilização do edifício, as medidas foram alteradas – dois lances e degraus de 2,50 metros de largura -, para atender às normas brasileiras de rotas de fuga.
Para evitar que a escada comprometesse a visão do hall , foi concebida uma estrutura de concreto delgada, que forma uma espécie de coluna vertebral. A parte inferior dos degraus foi revestida com aço inoxidável e a superior recebeu mármore branco. Ao lado da escada, uma parede de vidro curvo temperado, do piso ao teto, receberá aplicação de película, para garantir a transparência e, ao mesmo tempo, manter a privacidade necessária às atividades internas. Do hall também se avista, no pavimento superior, o consultório principal, uma estrutura que se projeta em prisma de vidro temperado verde sobre a recepção.
Paredes duplas 
Com térreo, dois pisos superiores e dois subsolos, o edifício totaliza 5.876,37 metros quadrados de área construída. Na planta dos pavimentos superiores, foi criada área de circulação periférica – por onde transitam médicos e enfermeiros – e um acesso social, para os pacientes. No térreo, as salas são reservadas para que os profissionais instalem seus consultórios e utilizem a infra-estrutura do hospital – recepção, administração, arquivos, farmácia, centro cirúrgico e apartamentos. O primeiro subsolo é destinado a vagas de carros e setores de serviços – almoxarifado, vestiário de funcionários, cisternas, depósitos, refeitórios e cozinha -, tendo ainda hall privativo para os médicos. O segundo abriga somente estacionamento.
Por questões de salubridade , o primeiro subsolo foi construído com parede dupla, uma de contenção e outra a cerca de um metro de distância, criando-se um túnel de serviços com ventilação natural permanente, através de grelhas instaladas no térreo. No hall privativo desse subsolo, as paredes têm trechos com pintura de cores marcantes, como o vermelho, e as portas em amarelo. Tons lúdicos e recursos espaciais também foram utilizados nos pavimentos dos ambulatórios. Para o piso do hall foram escolhidas pedras de mármore e granito coloridos. Nos demais locais, revestimentos vinílicos em mantas formam desenhos geométricos multicoloridos, que nunca se repetem.Texto de Gilmara Gelinski | Publicada originalmente em Finestra na Edição 45

http://arcoweb.com.br/finestra/arquitetura/adolfo-sakaguti-arquitetos-union-day-hospital-03-08-2006